Depois de ter escutado, dançado, cantado e homenageado varias
etnias e comunidades na oficina que fui ministrar na Ilha do Marajó, hoje
acordei mais ligada as raízes e por isso comecei além de inovar em minha visão
de mundo diferente, resolvi mudar o visú e fui trabalhar toda Maranauense. Interessante o que duas penas na cabeça podem fazer em sua alma no seu sentir. Depois deste encontro, mais do que nunca, tenho muito orgulho da minha gente e vejo que nossa
mistura nos faz mais fortes porque onde um é menos vem a outra qualidade que o
torna mais. Me lembrou aquela música do Roberto Carlos:
“Se as flores se
misturam pelo campo, é que flores diferentes vivem juntas...”
·
Tenho meus valores, crenças,
mas estou aberto para o desconhecido
Participei de uma oficina de Cantigas de ninar indígenas com
Puyr Tembé e eu que pensei que ia só escutar musiquinhas infantis saí de lá
transformada. Porque muito além das musicas, ela nos falou sobre os problemas
que nossos índios que estão somente às 4hs da minha cidade passam, de suas
terras ocupadas em 70% por fazendeiros e outros, das doenças, das lutas
ambientais e tantas coisas que nem perpassavam pela minha cabeça. Mas também
falou do sistema “escolar” indígena atual, como eles aprendem, suas festas, sua
cultura, falou das índias que não se parecem com o estereotipo indígena que nos
conhecemos pois estão na região sudeste e devido a colonização elas são louras,
de olhos claros, mais são índias...do porque algumas etnias são tão ricas e
outras miseráveis e conseguiu me mostrar que não é pelo fato de serem índios que
terem que viver no atraso, merecem sim o acesso a tudo que temos, mas com a
diferença de nunca esquecerem quem são, pois este pensamento é um ranço
colonialista. E desconfiada de tudo e de todos como eu, conseguimos nos
aproximar e foi aí que eu perguntei o que podíamos fazer além de continuar
cantando e dançando esta linda cultura, o que poderíamos fazer pra ajudá-los no
momento. Ela me disse que além de contarmos a história como ela realmente é, se
podíamos, pela passagem do dia do índio, onde eles sempre comemoram, mas com
jogos indígenas, onde gostariam de levar presente as crianças da aldeia como premio
nos jogos, como roupas, brinquedos e livros de outras culturas mesmo, pra eles
conhecerem, se poderia estar levantando isso doando e participando da festa com
eles.
Fiquei lisonjeada.
·
Posso articular redes
sociais e mobilizar pessoas para uma causa
Foi daí que nasceu o segundo ponto, falei com a minha amicíssima,
professora Salime Khaled da escola CEAI e que mui generosamente topou de cara a
campanha e me pediu somente pra que eu fizesse um cartaz de divulgação. Eu
montei o cartaz, falei do ponto de entrega e joguei na rede social em diversos locais
pra que possamos estar dando essa força pra festa dos Tembé Tenehara. Não sei
se conseguirei levar tudo pras 80 crianças, este será meu novo desafio, mas
quem foi que falou que eu não gosto de desafios???
“Obstáculos
e dificuldades fazem parte da vida. E a vida é a arte de superá-los.”
(Mestre DeRose)

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